Golden State Warriors e Stephen Curry estão mudando a história e desenvolvimento da liga, isso é fato. "Ah mas você tá querendo dizer que eles são melhores que o Bulls e que Curry é melhor que Jordan" NÃO! Não pretendo comparar times com esse post. O ponto é que o basquete está mudando de formato, de estilo e dinâmica de jogo e os responsáveis estão no começo deste parágrafo.
Alguns dos melhores pivôs da história da NBA
Desde sua fundação, a NBA esteve acostumada com jogos mais pegados, duros, com muitas disputas no garrafão, com grandes e excelentes alas pivôs e pivôs, como Kareem Abdul Jabbar, Wilt Chamberlain, Bill Russell e muitos outros. As bolas de três pontos foram incluídas na NBA em 1979, ano em que Larry Bird e Magic Johnson estreavam na liga. Larry Bird foi ambicioso e se especializou nos chutes de 3 pontos e de média distância, sendo um dos primeiros a explorar a linha de três de forma bem sucedida, mas nunca a explorou ao máximo. O início dos 3 pontos gerou estranhamento, tanto para os jogadores, quanto para os fãs.
Com o tempo, o jogo de fora do garrafão foi crescendo, o famoso mid range, que se trata de chutes de média distância, foi o que mais evoluiu e foi se adaptando ao gosto dos torcedores e jogadores, um dos maiores responsáveis por isso foi o melhor jogador da história do basquete, Michael Jordan, que era especialista nesses chutes. Se contextualizarmos para nossa época (tenho 20 anos), temos Kobe Bryant, Kevin Durant e Carmelo Anthony, que usam e abusam dos chutes de média/longa distância.
Bom, o curioso é que tínhamos times que variavam entre jogos no garrafão e média distância, claro que haviam os especialistas em bolas de 3, porém a nova regra até então não tinha sido explorada ao máximo e ninguém tinha pensado nisso. Há pouco tempo atrás, Curry e Thompson eram bons jogadores, sob o comando do técnico Mark Jackson e o Golden State Warriors era um time normal, que vinha evoluindo um pouco a cada temporada, mas estava longe de ser um time favorito e tudo mais.
Steve Kerr substituiu Mark Jackson no comando técnico e foi a cabeça por trás do estilo de jogo insano que viria à tona na temporada passada. De lá pra cá, vocês já sabem o que aconteceu, o Warriors foi um experimento científico que ascendeu de forma incrível e passou a "ameaçar" o legado antigo do basquete. Li um texto interessante que dizia que tudo o que é novo em uma sociedade, assusta as pessoas que já estavam acostumadas a uma tradição antiga. É como se você só comesse carne e chegasse um líder que lhe apresentaria uns vegetais e frutas e lhe diria que é muito melhor que carne. Todos ficariam desconfiados com aquele cara, por um bom tempo, mas depois, quando ele partisse, você iria pensar em como aquilo poderia ter lhe ajudado a não ficar gordo (sem ofensas) ou com problemas de saúde, por exemplo. Nossa! que viagem, espero que tenham entendido o que eu quis dizer.
O fato é que Stephen Curry é esse líder, que vem causando sucesso/desconfiança e raiva devido a esse novo estilo de jogo. O que ele faz em quadra é muito diferente do que muitos dizem por aí, como por exemplo: "É um mero chutador, não é decisivo...". Ele é responsável por esse "susto" em muitos fãs que estavam acostumados a outro tipo de jogo, pode até ser interpretado como ofensivo. O fato é que esse rapaz está mudando a história da liga e construindo um legado sensacional. Isso não quer dizer que ele é o maior e melhor de todos, não.
Uma das maiores mentes da NBA, Gregg Popovich, técnico do San Antonio Spurs e responsável por todos os 5 títulos da franquia, é uma das pessoas que odeia as bolas de 3 pontos e já chegou a dizer que isso não é basquete e é mais parecido com um número de circo. Nesse ano, ele se rendeu e passou a admirar o que o time de Oakland faz em quadra. Sim, Pop, parece um número de circo, mas no mínimo um Cirque du Soleil, é incrível de assistir. O "turrão" Popovich declarou o seguinte:
"Eles são um time muito divertido. Eu compraria um ingresso para vê-los jogar. Quando eu os vejo movendo a bola, fico com muita inveja. Quando os vejo arremessando sem marcação mais do que todo mundo na liga, é inspirador. É um grande basquetebol. Na verdade estou gostando muito deles. Você tenta decifrá-los, mas de certa forma eles são indecifráveis com aquela mistura particular de talentos que eles têm. Não é só uma questão de que Steph (Curry) consegue matar bolas, Klay consegue matar bolas ou Draymond Green é versátil. Todos que estão em quadra são capazes de passar, receber e arremessar. E todos eles entendem isso".
Muitos dizem que se dobrarem e apertarem a defesa em Curry, vão conseguir pará-lo, mas isso é exatamente o que o Warriors precisa para te castigar com outros jogadores, e com o próprio Curry, que aprendeu a ser mais agressivo e escapar dessas situações. Parei para pensar e o grande responsável por essa melhora do atual MVP (além dele mesmo) é o armador do Cleveland Cavaliers, Matthew Dellavedova. O australiano fez uma marcação sensacional em Curry na última final da NBA, apertando-o, diminuindo seu espaço, inclusive, muitos memes surgiram na internet, caçoando do armador do Warriors. A virada de mesa, pelo menos para mim foi marcada em um lance que ocorreu no jogo 5 daquela final:
Esse é um dos lances comuns de Stephen Curry na atual temporada, ele e os seus próprios companheiros já estão acostumados. Ainda nesta semana ele fez isso contra o Orlando Magic:
Curry está com um número absurdo de 4 bolas do meio da quadra (ou antes) convertidas na temporada, tanto que neste lance, os seus companheiros riram no banco, não havia aquele ar de espanto. Bom, Klay Thompson explica melhor:
"Haha, eu já sabia que ele ia acertar aquele chute do meio da quadra, juro que sabia. Até falei para o Brandon (Rush) no banco, 'Apenas assista, ele vai acertar essa'. Nós estamos testemunhando a grandeza".
Vamos a alguns números e recordes para situar melhor essa aproveitamento incrível da linha de 3 pontos:
1. Curry bateu o recorde de Kyle Korver (127 jogos) e acertou pelo menos uma bola de três nos últimos 130 jogos!
2. Ele igualou ontem contra o Thunder recorde de maior número de bolas de três convertidas em um único jogo, com incríveis 12, partilhando dessa marca com Kobe Bryant.
3. Ele também quebrou mais um recorde ontem, desta vez um recorde que já pertencia à ele: Maior número de bolas de três convertidas em uma temporada, ele tinha 286 na temporada passada, nesta ele já tem incríveis 288, e é bom lembrar que ainda faltam 24 jogos para o fim da temporada regular.
A cada jogo do Warriors eu teclo nesse ponto de testemunhar, ver a história passando pela minha e sua frente. Lembro do meu pai com os olhos brilhando me contando da época em que assistia a NBA, e assistia Jordan, Magic, Bird, naquela glamorosa época da NBA. Eu escuto com atenção e tento tirar para mim a lição de aproveitar o que esses caras estão fazendo. 53 vitórias e apenas 5 derrotas na temporada, um estilo de jogo que jamais vi na vida e provavelmente vocês também não.
As gerações da NBA.
Eu também aprecio algumas críticas, queria muito ter visto essas lendas do passado jogando ao vivo, meu alento é que existem os VTs dos jogos, reservo um tempo da semana para assisti-los. É preciso ser saudosista sim, é importante respeitar tudo o que esses jogadores fizeram pelo basquete. Respeito o passado, o presente e o futuro da NBA, isso porque respeito esse jogo acima de tudo. Não sejam chatos, aproveitem, tanto o passado como o presente e o futuro e acima de tudo respeitem o nosso basquete!
Onde o Golden State Warriors vai parar? Não sei, talvez não consigam bater o recorde do Chicago Bulls, talvez consigam e percam nos playoffs ou final, porém acho bem improvável, não existe brecha nenhuma para sequer desconfiar desse time, estão em um patamar completamente diferente. Como pará-los? Não sei, e até agora também ninguém sabe. A única coisa certa é que os Warriors e Stephen Curry estão sendo históricos para a NBA. Espero que tenham gostado, fui bastante sincero no que escrevi, se não concordam, sejam bem vindos a um bom debate!